MY WOR(L)D

"Somos pessoas livres aprisionadas na nossa própria Loucura"

domingo, outubro 28, 2007

Sangue de Bairro

Outro dia estava pensando sobre a bombástica influência de uma cultura regional que tenha riqueza (ou valor para seus moradores) sobre a sua própria música. Essa influência gera na maioria das vezes uma sinceridade muito grande, adicionando identidade à música, mais espírito e conteúdo às letras.

Se vc adicionar a esse elemento cultural a modernidade, pensamento aberto e afins, a fórmula pode chegar bem perto da perfeição. Tomemos como exemplo 2 Bandas: Nação Zumbi e O Rappa.

Geograficamente distantes, porém com culturas relevantes, as duas Bandas sabem usar este artifício muito bem, diga-se de passagem.

O Rappa usou o morro, a bandidagem, as contradições sociais e a malandragem carioca para mostrar um som embalado por reggae, eletrônico, samba e suingue. Já o Nação representa o mangue, a população ribeirinha, os bares e casarios de recife e as praias ao som de uma mistura incrível de maracatu, frevo, Rock, eletrônico e também muito suingue.

Sabe o motivo disso tudo soar sincero?? Os caras sempre respeitaram e “respiraram” suas culturas, desde o berço, devidamente guiados pelos Pais, Avós ou pessoas mais velhas. Não procuraram uma solução que lhes trouxesse uma musicalidade (e identidade) diferenciada do restante do país ou do Globo. Eles nasceram com isso. É como sangue nas veias. É sincero.

As tentativas de outras regiões conseguirem tal musicalidade subjugando sua própria cultura foram apenas tentativas. Nada mais. Neste caso entra o nosso querido estado Espírito Santo. Como exemplo podemos mencionar o Casaca e o Manimal. Ambas tentaram se erguer musicalmente tendo como alicerce o Congo. E naufragaram.

Não que a nossa cultura seja pior que as outras, ela apenas é infinitamente menos difundida que as de outras regiões do Brasil. Foi ridículo ver jovens procurando “rodas” de congo na Barra do Jucu logo após o sucesso do Casaca. A cultura sempre esteve ali e nunca ninguém prestigiou. Será que eles ainda freqüentam essas “rodas”? Com certeza não.

Eu mesmo participei de várias “puxadas de mastro” em Nova Almeida. E desde criança. Era uma festa alegre, que reunia muita gente acerca de uma cultura multiface composta pelo lado indígena e africano. Mas apesar de juntos dava pra sentir os extremos. Pouquíssimos dando o real valor cultural à coisa toda e a grande maioria só tava ali pra farrear mesmo. Infelizmente não fomos criados para dar valor às coisas da nossa terra. Pra ser sincero, culturalmente falando, pouquíssimas coisas são enaltecidas como realmente deveriam. Talvez a Moqueca Capixaba e o Roberto Carlos sejam as únicas coisas realmente conhecidas além do nosso quintal.

Isso não é culpa da nossa cultura. Ela pode ser inferior a outras, mas tem o seu valor. A grande culpa é nossa mesmo, de nossos Pais, Avós e imigrantes que teimaram em trazer costumes de fora sem dar valor para o que já existia aqui.

Fiz este post porque estou ouvindo muito o Nação Zumbi novo (Fome de tudo). Eles devem se sentir bastantes orgulhosos em conseguir uma identidade musical verdadeira misturando sua própria cultura com elementos de fora, modernos ou não. Acho que até as pessoas mais velhas de lá em algum momento sentem orgulho do trabalho deles.

E eu como um bom descendente de imigrantes italianos, continuo dando mais valor as culturas de fora do que as daqui... Porca Pipa!

terça-feira, outubro 23, 2007

Fome de Mangue!!!


O Novo do Nação Zumbi!! FOME DE TUDO!!

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Falar o quê desses caras?? Foda!!
Não agradeçam a mim, todos créditos ao http://beerock.zip.net/

quinta-feira, outubro 18, 2007

Bate no Pau!!


Last Days (Tradução sugerida: Se mata logo Porra!)

Quando acabamos de locar esse filme encontramos com Bonna na rua. Ao ser perguntado sobre o que ele achou do mesmo, ele meneou a cabeça e soltou a pérola: “É cinema mudo, mas tudo bem...”.

Só fomos saber da presepada de que se tratava quando começamos a ver a bagaça. O Sr. Gus Van Sant nos presenteou com um dos filmes mais chatos de todos os tempos, salvando-se apenas a fotografia do mesmo. Mas se estivesse interessado em fotografia, ligaria minha tv no Discovery channel e assistiria qualquer dos inúmeros programas que ela exibe.

Passados uns 30 minutos de nada, excetuando uns murmúrios inócuos de Mr. Cobain (no filme chamado de Blake), já estávamos torcendo pro FDP pegar logo a espingarda e moer um tiro na idéia de tão inexpressivo que é o filme como um todo.

Quero deixar claro uma coisa. O Filme é ruim de doer. Não estou contestando o estado mental que Cobain estava acometido nestes últimos dias de sua vida. Acho que realmente o cara estava perturbado a ponto de se matar (ponto). Mas daí a mostrar esse lenga lenga mental na telona é realmente de “bater no pau” do expectador. Tem muito mulambo por aí que já se foi e teve uma história muito mais “emocionante” do que esse “zero a zero” grunge.

Van Sant quis ser mais esperto que os outros em ser o primeiro a retratar o canto do cisne de Cobain, mas acabou cometendo uma gafe chata tremenda que vai lhe custar caro na avaliação geral de sua filmografia.

FIQUE LONGE!!!

terça-feira, outubro 16, 2007

Músicas novas no MySpace!!

PoisonGod

De nada...

domingo, outubro 14, 2007

Osso duro de roer!!


Todo mundo já sabe do estardalhaço causado pelo vazamento na Net do Filme “Tropa de Elite” (José Padilha) antes mesmo de ser lançado nas telonas, e que ele retrata basicamente o cotidiano do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar), mais precisamente a vida de 3 de seu soldados.

Eu já tinha lido o livro que inspirou a coisa toda, Elite da Tropa, e gostei muito. Normalmente não crio muitas expectativas em cima de filmes que se baseiam em livros, mas posso garantir que o resultado aqui é no mínimo arrebatador. E olhando bem, dá pra perceber que não levaram o livro como “âncora”, apenas foram usados alguns detalhes para deixar o drama ainda mais vivo e consistente.

A interpretação dos atores é um atrativo à parte. Wagner Moura (Capitão Nascimento) e Caio Junqueira (Neto) representam de forma brilhante seus respectivos papéis num filme que merece toda atenção de mídia, tanto Nacional quanto Internacional.

Uma coisa é fato, O cinema brasileiro melhora a cada ano, mas ele acerta em cheio mesmo quando trata de assuntos relativos a realidade brasileira. Filmes como “Cidade de Deus” e “Carandiru” exemplificam bem o que quero dizer.

Não fico na expectativa de que esse vá ser o filme que finalmente trará a estatueta de ouro de “melhor filme estrangeiro” para o nosso País. Não seria por falta de qualidade (isso ele tem de sobra), mas pelo simples motivo de que existem MUITAS outras coisas que rondam a premiação do Oscar e tenha certeza que não é somente a película em si.

Obs: E como agora já foi divulgado, Tropa de Elite não será o filme Nacional a disputar uma vaga pra concorrer ao Oscar e sim um filme feito pela "Globo Filmes"... não precisa falar mais nada...

terça-feira, outubro 09, 2007

C.A.R.C.A.S.S.



Uma das minhas Bandas prediletas e um ícone da música extrema (Junto com o Pai de todos Napalm Death) está planejando uma volta para alguns shows e uma possível turnê. Pelo título do post já deu pra perceber que se trata nada menos que o Carcass.

Mike Ammot (líder do Arch Enemy) é o cara por trás dessa reunião e o estardalhaço está gerando muita expectativa de quem viveu a época áurea da carreira dos caras. Provavelmente não haverá disco novo ou coisa parecida, limitando-se a shows com todos os “greatest hits” do Splatter Gore Metal.

Já ocorreram alguns ensaios, primeiramente Ammot com Bill Steer e depois com Jeff Walker. O único membro da formação clássica que não está em condições totais de assumir seu posto é o batera Ken Owen que sofreu tempos atrás um tipo de hemorragia cerebral que o deixou em coma durante meses. Ele ainda está em fase de recuperação e há uma possibilidade dele subir em alguns shows pra tocar algumas músicas. Mas o cara da responsa está sendo mesmo Daniel Erlardsson, companheiro de Ammot no Arch Enemy.

Com certeza tem bastante coisa rolando “behind the scenes”, do tipo dinheiro e tal. Tanto que a discografia do Carcass será relançada pela Earache com bônus, dvd e o caralho. Mas quem vai reclamar? Eu vou adorar isso. Ainda mais com a possibilidade deles passarem por aqui como fez o Arch Enemy (e eu fui!).

Ammot é um cara de respeito na cena pela sua relevância musical e por sua paixão extrema pela música pesada, visto pelos seus inúmeros projetos musicais. Sua Banda principal está muitíssimo bem e não haveria motivação financeira pra fazer tal reunião. É paixão à música pesada, acima de tudo.

E já foram confirmados para o Wacken do ano que vem...

terça-feira, outubro 02, 2007

Perdeu! Perdeu!



Terminei há duas semanas atrás de ler “Abusado – o Dono do Morro de Santa Marta” do repórter Global Caco Barcelos. O livro é um relato lastimável de como se desenrola o cotidiano das favelas e a ínfima possibilidade de se viver (aqui digo o básico como alimentação, moradia) dignamente sem precisar recorrer ao crime, seja ele qual for.

Além de ser uma biografia do traficante Marcinho VP (com a alcunha no livro de Juliano VP), o livro retrata todo esse caos social que nosso país vive há décadas sem solução previsível, nem em longo prazo.

Acho que todos deveriam lê-lo, pra se ter uma idéia da dimensão da coisa toda. Temos uma visão mínima do que acontece na realidade logo ao nosso lado, na maioria das periferias de nossas cidades.

Apesar de não chegar a mitificar o personagem principal, o jornalista mostra que ele tinha ideais e conceitos diferentes (não que isso justifique o crime) da maioria dos outros companheiros de profissão, preocupados apenas em dinheiro e poder.

Muitas questões vêm à cabeça após a leitura dessa biografia. Todas relacionadas a ações governamentais incisivas para solução do tráfico:

- Caso consigam acabar com o mesmo (o que é praticamente impossível), o que vcs acham que os desempregados do ramo fariam?
- Iriam procurar um emprego normal de R$ 380 pra sustentar famílias enormes (herança do êxodo nordestino de décadas atrás) e suas necessidades, supondo não somente encontrar algum e ainda por cima consegui-lo?
- Ou simplesmente tornar-se-iam assaltantes como tantos outros, com arma em punho, passíveis de matar pessoas por razões e valores irrisórios?


Quem nasceu na criminalidade e acostumou-se a ela é quase impossível que possa abandoná-la. Essa é a verdade. Uma revolução educacional, habitacional, social, empregatícia e sei lá mais o que teria de acontecer para que as próximas gerações das classes exclusas tivessem oportunidades de escolha, com maiores atrativos do que hoje o crime lhes demonstra.

Márcio Amaro de Oliveira (Marcinho VP) foi morto em Bangu 3, onde estava preso com muitos de seus guerreiros do CV, no ano de 2003 por asfixia. Encontrado numa lata lixo coberto de seus livros preferidos, Marcinho provavelmente foi morto a mando da própria Irmandade que ele sempre defendeu.

Live by the sword, Die by the sword.