Dedos Encapetados

Sexta foi um corre-corre danado até chegar a hora do workshop. Até problemas digestivos foram obstáculo pra chegarmos ao auditório do IG&T de Vitória. Mas tudo correu bem e não perdemos quase nada.

De cara, demos sorte de encontrar um dos responsáveis pela escola (Saulo Simonassi) na entrada, pois se não fosse pelo msm não teríamos entrado. A lotação já estava no máximo e a galera em pé já estava saindo pelo ladrão. Mas com o aval dele pudemos entrar na boa e presenciar um puta evento legal.

Wander Lopes foi o primeiro da noite e mostrou um ótimo conhecimento teórico e desenvoltura em vários instrumentos de corda como violão, viola e guitarra semi acústica. Wander é professor do IG&T de Vix na praia Jazz/Fusion e parece ter um vocabulário vasto nessa área. Apesar de um pouco nervoso, o workshop foi legal, mas a galera ali não estava pra viola...

Logo após veio o Sydney Carvalho q já tem uma grande repercussão nacional na área instrumental com uma ampla carreira solo e um currículo de professor tmb muito significativo. Empolgou qdo utilizou uma guitar de 7 cordas pra dar um “peso extra” no seu som, acordando a galera presente q estava sedenta por Rock e solos virtuosos. Pois é. Aí foi um ponto q me decepcionei um pouco. Achava q Sydney fosse fritador nato, coisa q está longe de acontecer. Apesar de uma boa técnica, ele está muito mais focado na musicalidade q na técnica em si. Não o reprovo, de maneira alguma, mas senti falta de algumas fritadas ao longo de suas músicas. Compensou pelo seu lado falante e culto, onde demonstrou um amor extra para com a filosofia e afim. Legal né? Nada. A galera queria fritação.

Eis q Eduardo Ardanuy entra em cena. E de cara já vimos q tudo q estávamos esperando iria acontecer. Ligando a guitarra já pediu uma cerveja, e na hora q sinalizou pra soltar o playback e mandar o sarrafo, o mesário foi soltando o som e ele logo pediu pra esperar... mas não era pra terminar de ligar seu equipamento, era pra acender o cigarro. Os ingredientes agora sim, eram Rock’n’Roll, e só faltava o som.

Falando sério agora, Eduzinho é uma fábrica de musicalidade, aliada a uma técnica interminável e invejável pra todos amantes da guitarra. Escalas, Arpeggios em sweep, alavancadas, harmônicos, two hands e o indescritível Bend fora da escala. Realmente o Bend fora da escala impressiona, além de um resultado sonoro agradável e incomum. Não adianta tentar explicar, é só vendo pra se ter uma idéia da moeção q essa técnica proporciona.

Eduzinho é muito brincalhão e tirou sarro consigo mesmo, com seu disco solo q está pior do q Chinese Democracy pra sair e com perguntas idiotas q vinham quase sempre de um tiozão style “Seu Madruga” q insistia em chamar a atenção durante o evento. Pérolas como “Quem é vc?”, "Daonde vc é?" ditaram a tonalidade das perguntas do Tiozão.

O único ponto fraco pra mim foi a não inclusão de material do Dr. Sin, que queira ou não foi o responsável pelo reconhecimento até internacional de Edu como guitarrista. Mas fora isso, o workshop foi muito foda e serviu pra mostrar a todos q... não tem como tocar igual ao Eduzinho... hehehehe. A não ser q vc já nasça tocando guitarra...

No final uma bela surpresa onde Ardanuy dividiu o palco com os amigos Sydney Carvalho e Fred Andrade numa Jam Session bem legal, onde achei a pegada “Nordestina” de Fred muito bem sacada, que mostra a qualidade de um bom músico independente do estilo em questão. Ah... e o Sydney foi obrigado a mostrar serviço pra não passar em branco na Jam e destilou uma técnica em Two Hands de arrepiar com o uso dos 4 dedos da mão direita e independência de cair o queixo. Já o Eduzinho foi educado e “engoliu” pouco os outros, deixando transparecer q não é Zé buceta... hehehe. Se fosse, ninguém agüentaria... com certeza.

Como um bom beijador de mão, peguei uma palheta (vagabunda por sinal), tirei foto e ainda consegui q ele autografasse meus cds preferidos do Dr. Sin (I e II). Qdo o cara é merecedor, eu abaixo a cabeça msm. Dedos Encapetados pra ele...